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A gentrificação se auto regula?

A gentrificação é um tema controverso e tem suscitado muitos debates. De um lado existem questões de cunho social e de outro, questões de desenvolvimento da cidade. E além disso, há duas formas de definir esse processo, um fenômeno aparentemente natural de expansão ou uma reformulação de bairros. O grande questionamento é: como a cidade poderia seguir o fluxo de crescimento populacional e qualificar ambientes urbanos tratando questões sociais de forma ética e inclusiva, beneficiando a todos? Será que os modelos adotados hoje, por todo mundo, cumprem essa expectativa?


Gentrificação inclusiva

De um lado, há o processo de gentrificação do tipo inclusiva. Ocorre quando há preservação de padrão nos bairros antigos, com reformas internas e pouca construção nova, a qual se mantém formalmente no mesmo padrão. Algo como sugere a legislação urbanística de Porto Alegre, com seus conceitos de “Estruturação e Compatibilização”, cuja classificação veda qualquer alteração no primeiro conceito e reduz alterações formais no segundo. São restrições ao uso privado do direito de construir inerente à propriedade, o que impede o fluxo de capitais mais abrangentes, que permitiriam o crescimento da oferta de habitação nestes locais. Dessa forma há estagnação e hipervalorização, resultando na saída dos moradores. O que tende a acontecer na realidade, é o abandono e/ou depredação desses locais que terão seu metro quadrado exageradamente encarecido pela baixa densidade populacional.

Gentrificação expansiva

A gentrificação expansiva, por outro lado, se dá de outra forma. Nesse caso, com a iniciativa privada, que é a forma de tratar o assunto mais comum. Se dá com a compra das propriedades, e sua consequente melhoria por investimentos urbanísticos, com empreendimentos paralelos e adjacentes. Essas melhorias, em atrito com o espaço antigo e o desenvolvimento que segue, é a preservação precária do ambiente antigo contrastada com a novas implantações, que se valorizam mutuamente. Com isso, o ambiente sobe de preço por oferecer maior variedade e qualidade urbana. Estes fatores geram dificuldade para moradores antigos. Os custos de módulo formador de preço tem alta. Com isso, pode ser gerado um fluxo de troca de padrão de inquilinos e proprietários. Com vetor ascendente. Fato que se sucede mais comumente. O fator econômico, em última análise, resulta em um êxodo dos moradores antigos para as partes mais marginais das cidades, resultando em problemas de cunho social, junto ao desenvolvimento da urbanização periférica com o crescimento populacional.




Como se vê, a questão da gentrificação nas cidades sugere um gerenciamento voltado à liberdade de uso. Para a iniciativa privada, significa desenvolver os meios de rentabilizar investimentos para pleitear por essas reformas.


O processo aparentemente se auto regula porque o crescimento orgânico da cidade é em ondas, de valorização e depreciação, constatado por inúmeros estudos, em cujas cristas se mobilizam populações, ora em evasão para áreas mais periféricas pelo aumento de custo da terra (porque houve alteração de legislações), ora por “invasão” (no sentido da reocupação em outro nível. Não confundir com invasão de movimentos politizados e coordenados) para áreas degradadas por populações que buscam qualidade e prestígio, justamente pelo agregado de arquitetura planejada para isso, no caso da legal e normal pendularidade do mercado imobiliário.


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